terça-feira, 18 de agosto de 2015

Olhai os Lírios do Campo e ressaca literária

 Érico Veríssimo é um dos meus autores nacionais favoritos. O primeiro encontro aconteceu recentemente, quando abri, de maneira completamente descompromissada, o volume de Ana Terra que ganhei da minha tia no ano passado. Foi paixão à primeira vista. Assim que devorei (rapidamente) as poucas páginas do romance, corri até a estande para começar "Um Certo Capitão Rodrigo". As expectativas foram atingidas.



  Então, mês passado, comecei "Olhai os Lírios do Campo". Por algum motivo, a leitura se arrastou. Não por falta de qualidades na obra, é importante destacar. Eu ainda estava de ressaca literária de "A Nascente", de Ayn Rand, um livro que me pegou de jeito e me deixou por algum tempo impossibilitado de ir atrás de outras leituras. O enorme volume de textos acadêmicos sobre o qual me debrucei no semestre passado devem ter sido a gota d'água para me dar uma overdose. Eu realmente estava com problemas muitos sérios para ler qualquer coisa, até mesmo uma notícia curta na internet.

  De vez em quando, é normal que hajam esses períodos em que, por mais que tentemos, não conseguimos embarcar em novos romances; os contos parecem não surtir muito efeito sobre nós; as crônicas descem quadrado e arranham a garganta. Afinal, por mais deliciosas que sejam as histórias que encontramos entre uma página e outra, a verdade é que a vida não é feita só de leituras. 

  Apenas  consumir informação, mais cedo ou mais tarde, nos esgota. Principalmente nos dias de hoje, em que somos bombardeados por estímulos, notificações e pressões para estarmos informados sobre tudo o tempo todo. Necessitamos nos expressar, exteriorizar aquilo que aprendemos com nossas andanças pelos caminhos da Literatura. Precisamos criar, não apenas receber, aceitar narrativas. Seja criando arte, praticando uma atividade física, ou simplesmente escrevendo nossas próprias histórias, vivendo a vida, interagindo com as pessoas, conhecendo locais e vivendo experiências em primeira mão. Se nos deixamos ser bombardeados por tanta informação, se nos perdemos no meio dessa cacofonia contemporânea e focamos apenas em absorver conhecimento, acabamos por nos sentir sufocados, e bate o desânimo.


  Depois de umas férias regadas à base de seriados, para realizar essa "desintoxicação literária", estou finalmente me voltando para produção, e focando em novidades para o blog, artigos acadêmicos (e a monografia, que vem vindo aí!!!) e outros projetos paralelos. Mas, nesse meio tempo, dediquei algumas horas dos meus dias para apreciar a obra de Veríssimo com a qual tinha me comprometido há algumas semanas. Cheguei ao fim ontem, e posso dizer que, apesar de tudo isso, a leitura foi revigorante, e essencial para que eu me recuperasse dessa ressaca textual.

  O exemplar de "Olhai os Lírios do Campo" que tenho aqui é velhinho e  está em um estado bem precário de conservação, então não pude grifar ou colocar post-its, com costumo fazer, para preservar o que resta da integridade do livro. Pretendo comprar uma edição nova e reler, com direito a anotações e muito marca-texto, e então virei discutir de maneira mais aprofundada sobre a história em si. Deixo aqui a dica e o convite para quem também quiser se deliciar com as obras de Veríssimo!

  

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Impressões sobre "O Doador de Memórias"

  Poucas vezes tenho o costume de assistir a adaptação cinematográfica antes de ler o livro original. Mas dessa vez, foi isso que aconteceu com "O Doador de Memórias" (The Giver, no original), obra de Lois Lowry; a versão para as telonas foi dirigida por Philip Noyce.

  Devo confessar que assisti ao filme para ver se valia ou não a pena ler o livro. Com tantos YA's fracos sendo lançados e se tornando franquias, não é muito animador embarcar na maioria desses novos títulos. O fato de se tratar de uma distopia, tema que caiu no gosto do público e tem sido abordado de maneira superficial por vários autores, não ajudou muito. Mas, para minha surpresa, "O Doador de Memórias" é o primeiro de uma série de quatro livros, publicado originalmente em 1993 (ou seja, bem antes da Rowling lançar Harry Potter e criar o boom no mercado de literatura infantojuvenil e, posteriormente, para jovens adultos; e muito antes dos sucessos de vendas "Jogos Vorazes" e "Divergente"; e que fique claro que eu adoro a trilogia da Suzanne Collins).


  Um universo em preto-e-branco, higienizado e supercontrolado. Nesse ambiente, tudo é determinado por um conselho de anciãos, que decide dos maiores aos menores detalhes da vida de cada cidadão. A ordem é mantida pela total ignorância de cada indivíduo de qualquer coisa além de seu estreito universo pessoal e "profissional"; o fator crucial, porém, é a falta de memórias. Gerações e gerações inteiras vivem dentro de uma "bolha", raramente tendo contato com outras comunidades vizinhas, e sem nenhum vestígio de recordações ou registros históricos das civilizações passadas. A História completamente aniquilada.


  Lowry retrata esse cenário com grande habilidade em seu livro, e com a mesma destreza encara um grande desafio: narrar a descoberta das cores por um personagem que nunca as enxergou, e nem jamais soube que elas existiam. O leitor não tem conhecimento imediato desse fato no livro, e Lowry nos dá aos poucos pistas dessa realidade em tons de cinza. Já o filme entrega de bandeja: pelo menos o primeiro terço da adaptação é apresentado em preto-e-branco, retratando a visão de Jonas e dos outros personagens. Embora o efeito surpresa tenha se perdido um pouco, não há grandes prejuízos, visto que para quem não conhece a história, tudo só fará sentido com o decorrer da trama. A sutileza desse e outros detalhes dão grande qualidade ao longa-metragem.

 
Trailer do longa-metragem

  Com momentos densos e uma trama que fica mais pesada a cada capítulo, "O Doador de Memórias" superou em muito as minhas expectativas. Embora a produção hollywoodiana tenha adaptado alguns fatores (como a idade dos personagens) e injetado algumas cenas de ação inexistentes no livro (provavelmente para deixar a história com mais cara dos títulos atuais para o público jovem adulto), posso dizer que não sei se gostei mais do livro ou do filme. Cada um tem qualidades e carências consideráveis.  

  No livro, o final pareceu um pouco corrido, não desconexo, mas gerou uma espécie de "anticlímax". Já no filme, os relacionamentos dos personagens foram abordados de maneira um pouco mais aprofundada, embora dentro de  certos moldes "clichês" das produções americanas; há a vantagem de podemos observar outros pontos de vista além daquele do protagonista (semelhante ao que ocorre na adaptação de "Jogos Vorazes"), o que aprofunda a trama e causa maior empatia pelos personagens.

  Vale celebrar a atuação estupenda de Jeff Bridges (que também atuou como produtor do longa) e Meryl Streep. E, honestamente, eu quase nem percebi que a Taylor Swift estava no filme *cof cof*


  Agora, resta continuar a jornada pelos outros três volumes de Lois Lowry e esperar que tenham adaptações tão fiéis e belas como a primeira.

  Se você se interessou, pode gostar também de: 

  Jogos Vorazes - Suzanne Collins
  Divergente - Veronica Roth
  1984 - George Orwell
  Fahrenheit 451 - Ray Bradbury
  Laraja Mecânica - Anthony Burgess



sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Perfect Sense (Sentidos do amor) - Filme

Olá, leitores! Hoje venho comentar com vocês a respeito de um filme que eu assisti recentemente e que -com certeza- é um dos melhores filmes que eu já vi. Sem dúvidas, entrou pra lista de filmes favoritos do ano e da vida, rs. O filme é: Perfect Sense (Sentidos do Amor).

(AMO ESSA FOTO)

Bom, estava eu pelo NetFlix e procurando algum filme que tivesse a Eva Green no Elenco (amo a Eva Green), encontrei esse e fui assistir.
É um romance com drama e ficção científica.
Tem uma hora e trinta minutos de duração.

Um cheff (Ewan McGregor) e uma epidemologista (Eva Green) começam um romance, mas o mundo está sofrendo uma grande epidemia: As pessoas não conseguem mais usar o olfato.
Começa o filme um homem sendo examinado, pois ele teve uma crise de choro e, de repente, não sentia mais cheiro algum. Não era só ele. Foi questão de horas pras diversas pessoas começarem a perder seu olfato também.
Mas não perderam só o olfato.

Acho muito bonito a forma como o filme foi desenvolvido, como os personagens foram bem colocados em seus papéis -e a escolha do elenco, claro.O final deste filme, com certeza, foi um dos finais mais... mais.... f*das que eu vi.
Não quero pôr expectativas em ninguém, pois vai que você não goste, né? Mas eu recomendo MUITO que você vá assistir a este filme.
5 estrelas, sem dúvidas.