sábado, 29 de junho de 2013

Após a Tempestade


    Tenho que confessar que, em meio a toda essa recente onda de thrillers que dominam os exemplares mais recentes a figurar nas prateleiras das livrarias, tenho tomado muito cuidado e venho sendo altamente crítico ao escolher um deles como leitura. Eles parecem seguir receitas já definidas, com mistérios iguais em sua essência, personagens vazios, interações, piadas e situações forçadas, sem falar nos clichês aos montes. À primeira vista, tive receio de que "Após a Tempestade", da autora Karen White, fosse mais um desses suspenses, que, quando um pouco felizes em seu objetivo, no máximo deixam o leitor ansioso para acabar logo a leitura e se dedicar a algo que valha mais seu tempo.
    Em todo o caso, o livro ainda assim me chamava atenção, então decidi colocá-lo entre os meus livros desejados do site Skoob, decidido que não gastaria dinheiro em uma compra tão incerta. Claro, se alguém resolve-se me presentear com um exemplar, ai daria uma chance - e foi como sucedeu. Após ganhar o livro do meu tio, no meu aniversário, logo iniciei sua leitura. As primeiras páginas, infelizmente, alimentaram as minhas suspeitas de que seria apenas mais um volume infeliz. O que me fez continuar fiel à história, nesse ponto, foi a narrativa, que é gostosa e simples, porém bem desenvolvida - o que contrasta radicalmente com as narrativas pobres dos thrillers aos quais me referi, fato este que manteve minha esperança.
    Não poderia eu, então, ter feito algo melhor. Apesar de certas situações iniciais na obra parecem um tanto quanto "forçação de barra", à medida que vai-se avançando pelas páginas, tudo começa a ganhar sentido. Vale ressaltar, também, que o livro não pode ser classificado como thriller, embora essa fosse minha impressão antes de lê-lo. Ele é um drama, temperado com um mistério que surpreenderá os leitores. É uma história sobre superação, renovação - sem a enjoativa fórmula dos livros de auto-ajuda.
    Os personagens são cativantes e fáceis de se apegar - ou de odiar - e são bem construídos. A começar por Julie, a protagonista, que tem uma evolução visível ao decorrer das 400 páginas nas quais sua história se desenrola; contando com Aimee, que estrela quase metade dos capítulos, contando a Julie seu passado, que segundo ela é a chave para resolver um mistério que envolve as famílias de ambas.
    Dirigindo o foco então para a trama em si, esta tem início com Julie retornando à cidade natal de sua melhor amiga, Monica Guidry, que faleceu poucos meses antes e deixou tudo que tinha para Julie: um filho de 5 anos e uma casa de praia em ruínas. Decidida a atender ao último pedido de Mônica, ela parte em uma viagem até Nova Orleans, deparando-se com uma cultura totalmente diferente, não apenas pelas diferenças históricas em relação a Nova York (onde Julie até então morava), mas também pelas catástrofes naturais que deixaram marcas profundas na cidade e em seus moradores.
    Lá chegando, ela se depara com o dilema: criar Beau, o filho de sua melhor amiga, como imaginava que ela supostamente havia desejado, ou apresentá-lo à sua família de sangue, sobre a qual nada sabia? Claro, esse não é o único problema a ocupar a mente de nossa sofrida protagonista. Enquanto isso, Julie também continua a busca por Chelsea, sua irmã mais nova que desapareceu anos atrás. É quando ocorre o encontro inesperado de Beau com Aimee, sua tia-avó, e Trey Guidry, seu tio e irmão mais velho de Mônica. A partir de então, é impossível esconder a existência de Beau de sua família verdadeira, e Julie empreende mais uma busca por respostas, em busca do motivo que levou Mônica a fugir e abandonar seus parentes de sangue, e se eles seriam perigosos para Beau.
    Um ponto que me irritou um pouco, mas que é quase irrelevante se pesar o conjunto todo, é que existem alguns erros de digitação bem gritantes em alguns momentos. Isso ao menos para mim é um pouco chato, mas não foi nem de longe o suficiente para me fazer abandonar a leitura. Outro aspecto é que o tradutor parece ter uma fixação por tornar artigos definidos e nomes próprios inseparáveis. Isso significa que você lerá muito: "a Julie", "o Beau", "a Aimee"; até mesmo quando a colocação de tal artigo for duvidosa. E, por fim, uma pequena crítica a autora. Karen White perde algum tempo explicando coisas que seriam facilmente deduzidas pelo leitor, coisas óbvias, ou então, coisas que teriam um outro gostinho se dependessem da interpretação e da subjetividade do leitor para serem assimiladas. Porém, ai já não sei se o pecado é qualidade da autora, ou da massa geral de leitores contemporâneos, que parece ter preguiça de pensar e deseja apenas histórias mastigadas.
    Mas nada disso diminui o crédito do livro, e a resolução do mistério desafiará a sua imaginação. É uma leitura leve, gostosa, que flui, e que em muitas partes te prende e não dá vontade de soltar. O livro vale, com certeza, o tempo que lhe for dedicado.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

A Arte de escrever


A arte de escrever, de Schopenhauer, filósofo e escritor alemão. Livro dividido em cinco partes: Sobre a erudição e os eruditos; Pensar por si mesmo; sobre a escrita e o estilo; sobre a leitura e os livros; sobre a linguagem e as palavras.
Estes ensaios são da primeira metade do século XIX, mas que podem, sim, ser associados a hoje em dia.
Schopenhauer critica o hábito de ler bastante. Sim, ele critica. Ele “diz” que quem ler muito não tem tempo –ou não consegue- pra pensamentos próprios. “Mas este é o caso de muitos eruditos: leram até ficarem burros” (página 128). “Pensamentos alheios, lidos, são como as sobras da refeição de outra pessoa, ou como as roupas deixadas por um hóspede na casa.” (página 41). E bom, não concordo com isso. Super concordo com o hábito da leitura –quanto mais se ler, melhor.
Ele faz críticas a quem escreve “de modo difícil”. Ele mostra que você pode escrever coisas bem interessantes, e sem usar uma linguagem que ninguém entenderá. “A verdade fica mais bonita nua, e a impressão que ela causa é mais profunda quanto mais simples for sua expressão.” (página 94). “Palavras ordinárias são usadas pra dizer coisas extraordinárias; mas eles fazem o contrário”. (página 90)
Outra crítica, bem explicita, é em relação aos tradutores, e as traduções.  “Quase nunca é possível traduzir de uma língua para outra qualquer frase ou expressão característica, marcante, significativa de tal maneira que ela produza exata e perfeitamente o mesmo efeito. (...) Poemas não podem ser traduzidos, mas apenas recriados poeticamente; e o resultado é sempre duvidoso.” (página 150).
E claro, o livro tem muito mais que isso, mas deixo outras coisas pra que descubram na maravilhosa leitura deste livro.


domingo, 23 de junho de 2013

Linguagem e escola

                                              Bom, venho hoje comentar sobre este -excelente, diga-se de passagem- livro, "Linguagem e escola - Uma perspectiva social."
                                               Fiz a leitura deste livro para a realização de um seminário na disciplina de Sociolinguística, e acabei percebendo que este livro, claro, é mais voltado, principalmente, pros professores que trabalham com ensino de línguas/gramáticas, mas que qualquer pessoa que almeje ser professor, e/ou que esteja cursando uma licenciatura deve realizar a leitura deste livro.
                                               O foco deste livro é: "O fracasso na/da escola", "Deficiência Linguística", "Diferença não é deficiência", "Na escola, diferença é deficiência" e "Que pode fazer a escola?"
                                               Percebi neste livro o grande problema enfrentado por crianças, de classes desfavorecidas, nos colégios: A linguagem. Crianças que são de classes desfavorecidas sofrem preconceito por conta dos léxicos, pois -de acordo com a Ideologia da Deficiência Cultural- a criança não tem "acesso a cultura", e a "novas palavras", e assim a criança fica apenas restringida a falar o que ouve -e, não ouve a "língua" que é "ligitimada" nas escolas.
                                              Mostram que as crianças "falam errado", e tentam impor que elas "falem de acordo com as regras da Normativa", sendo que muitas vezes, até mesmo os próprios professores fogem às regras. Já na Ideologia da DIFERENÇA cultural, a criança tem, sim, cultura. TODOS TEMOS! E nenhuma é melhor que outra, cada uma é específica -e feita de acordo- com local, e as pessoas daquele local.
                                                O preconceito não fica só no lexical, pois muitos utilizam-se deste pra praticar (in)diretamente um preconceito SOCIAL.
                                                As escolas tem que ensinar as variações, e mostrar que não há o "certo", e o "errado", o "melhor", ou o "pior". Claro, isso é de acordo com a Sociolinguística, muitas pessoas não conseguem entender, ou melhor, Aceitar isso.

sábado, 22 de junho de 2013

Gabriela, Cravo e Canela


  "Gabriela, Cravo e Canela" figura, com muito mérito, entre os clássicos da literatura brasileira. Embora o começo do livro pareça se arrastar um pouco, talvez se prolongando demais em fatos que nos parecem irrelevantes a princípio, tudo que é narrado tem seu motivo. Jorge Amado trata de temas, nessa obra, naturais do homem, e os entrelaça e nos mostra que tudo está conectado: amor, política, sexo, honra, razão, dinheiro. Em diversos momentos, nos deparamos com a comparação destes; qual deles teria maior peso? Vale a pena conseguir a honra em detrimento do amor? E contrário?
  As prioridades do homem, como indivíduo e como membro da sociedade, são colocadas na balança e submetidas a uma divertida análise na narrativa cheia de lirismo de Jorge Amado. Os personagens que nos são apresentados são, em todos os aspectos, humanos. De uma maneira leve, o autor nos apresenta, profundamente, os pesamentos e sentimentos de cada personagem, o que leva a um nível muito superior de compreensão e participação do leitor na trama.
 Vive-se Ilhéus. Vê-se a praia, sente-se o cheiro do mar, o gosto dos quitutes do bar Vesúvio.  Despido de qualquer miticismo, de qualquer clichê narrativo, "Gabriela" nos traz as pessoas e suas vidas, com grandes amores - mas nem sempre finais felizes -, com problemas e intrigas - e nem sempre soluções. É um livro que apresenta a vida como de fato é.
  A obra aborda também um tema muito interessante, eternamente polêmico, e o qual, pessoalmente, me agrada muito: Mudanças. Mudança na sociedade, na cidade, nos costumes. Progresso, depravação, avanço, retrocesso - como pode uma mudança na política afetar uma pessoa intimamente, como indivíduo? Mudanças externas podem afetar nosso próprio pensamento? O quão adaptável é o ser humano - e quão adaptável é o mundo a ele?   Outra questão importante levantada pela obra é: Até onde uma pessoa pode mudar por amor? Vale a pena? Em que ponto se deixa de ser você mesmo, e até onde são apenas pequenas concessões? Quando abre-se mão de si mesmo por um espaço no coração do outro? - e mais importante, é possível ser feliz assim?
  E no meio de tudo, temos Gabriela, a mulata sensual, criança vivida. Gabriela talvez, por si só, desencadeou grande parte das mudanças ocorridas em Ilhéus no decorrer da obra. Muda Nacib, muda os costumes, muda-se por inteira e se reencontra no final. Apesar de se passarem muitas páginas antes de seu primeira aparição, Gabriela se encontra em cada parágrafo: é a alma do livro. Gabriela se encontra em cada personagem, no autor e no leitor. Gabriela é a criança dentro de nós, nossos desejos escondidos, nossos medos e anseios. Gabriela é a mudança, a permanência.
  "Gabriela" é cravo e canela, é Gabriela.


domingo, 9 de junho de 2013

A fantástica Bridget Jones


 Bom, venho hoje falar sobre Bridget Jones, a fantástica protagonista dos livros e filmes O diário de Bridget Jones, e Bridget Jones: No limite da razão.
É, confesso, assisti primeiro ao filme, e AMO o filme; São filmes bastante bacanas.
Bastante tempo depois de ter assistido ao filme, estava eu acessando, e descubro que existem os livros. Claro, assim que soube, quando fui à livraria comprei-o. Devorei o livro, do mesmo modo que amei ao filme. Depois, descubro o Bridget Jones: No limite da razão, o filme é MUITO bom, o livro, então, nem se fala, muito engraçado.
Está super óbvio que são Chick Lit's, diga-se de passagem, a escritora Helen Fielding, conseguiu fazer esses chick lits serem demais.
São livros super engraçados, com, claro, romance, amizade, e todas as características de um chick lit.
Os livros são todos escritos em forma de diário, e é uma leitura bem leve.
Como muitos já devem saber, sim, neste ano, provavelmente sairá Livro/Filme novo.
No cinema, quem interpreta -muito bem, diga-se de passagem- Bridget Jones é Renée Zellweger.
Este é um dos casos que, em MINHA opinião, os filmes são tão bons quanto os livros.
O trailer do filme O diário de Bridget Jones: http://www.youtube.com/watch?v=DQdy98B1nf0

domingo, 2 de junho de 2013

Imprensa Gaaaaaaaay no Brasil


  O livro dessa semana é intitulado "Imprensa Gay no Brasil", da jornalista Flávia Péret. Uma amiga minha me mostrou esse livro a algum tempo quando estávamos na livraria Cultura, e já na época me interessei por ele. Como sempre, ele foi parar na minha lista de leitura, mas longe das prioridades e, portanto, adiava o momento em que ele deixaria as estantes da livraria para figurar na minha própria. Eis que minha professora de Introdução à Metodologia do Trabalho Científico nos passa um trabalho com a temática a nossa escolha. Escolhemos "A evolução da imprensa gay no Brasil" e finalmente arranjei um motivo para não mais adiar a aquisição do livro. E de fato, fico muitíssimo feliz por tal acontecimento.
  A primeira observação a ser feita é sobre o termo "imprensa gay", que se refere às publicações direcionadas ao público homossexual e por eles produzida. Reportagens e matérias com alusões a homossexuais em outros veículos midiáticos, então, não se enquadram nessa definição - mas nem por isso deixam de ser abordados no livro, pois constituem uma temática importante.
  Vale mencionar que me surpreendeu o número de publicações voltadas ao público GLS que existem ou existiram no Brasil. Para muitos, esse mercado se restringia a famosa G Maganize. E, aliás, quem nunca abriu uma edição dessa revista (como eu), ficará surpreso ao saber que ela não se restringe - ou não se restringia, originalmente - à pura pornografia. Embora hoje as colunas e matérias com temática política e cultura venham perdendo espaço nas páginas do periódico, nas suas origens eles ocupavam tanto espaço quanto o conteúdo erótico. Esse tema é muito abordado no livro de Péret, e na minha opinião de estudante de comunicação, é uma das partes mais interessantes.
  Também é mencionada, na obra, a censura que tal imprensa sofreu e continua a sofrer; a polêmica entre os esteriótipos e a "feminilização da homossexualidade masculina"; a aceitação social e individual da diversidade sexual. Muito bem escrito e fácil de ler, o livro pode ser devorado em uma tarde. A leitura é agradável e fluída, e pode interessar tanto ao público gay quanto a heterossexuais que simplesmente desejem se informar sobre o assunto.



Foto retirada do dicionário "Míni Houaiss"