terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A Filha das Flores - Vanessa da Mata

  Comecei a ler esse livro por causa da Patrícia di Carlo, que fez uma resenha incrível lá no seu canal no YouTube. Admito que faz é tempo que eu comprei esse livro, e só peguei para ler na semana passada. Em compensação, devorei as páginas e em quatro dias tinha finalizado a leitura.
  A Filha das Flores, obra de estreia de Vanessa da Mata, conta a vida de Adalgiza, e nos leva por uma história de descobrimento e libertação.


  No primeiro capítulo somos apresentados à infância de Adalgiza, com toda a pureza e delicadeza que as crianças podem oferecer. É nesse capítulo que Vanessa da Mata constrói o universo onde a história toma lugar - a primeira vista, um cenário quase onírico. As personagens são introduzidas no devido momento, tendo como berço uma narrativa imersiva que toma conta do leitor.
  Continuamos a acompanhar Giza pela sua adolescência e o início da vida adulta. A partir daí, fio por fio, a autora começa a desfiar a tapeçaria que teceu nos primeiros capítulos. Sem medo, Vanessa da Mata vai desconstruindo tudo sobre a pequena cidade e seu exílio, a misteriosa Vila Morena.
   O início da história talvez seja um tanto vago; há peças que parecem nunca se encaixar. Mas a narrativa musical e o olhar infantil da narradora-protagonista nos conduzem sem demoras às páginas seguintes. E então, justamente quando tudo que sabíamos sobre aquele pequeno universo fictício começa a ruir, os fatos começam a fazer sentido.
 
   Giza é uma criança que mora com as tias em uma casa relativamente grande, para uma cidade de interior. A família sobrevive da venda de flores; possuem um enorme jardim que gera rosas, lírios, margaridas. Sem grandes problemas, a pequena Giza cresce dentro de um mundo pacato e rotineiro.
  Quando os hormônios e as paixões se sobrepõe à simplicidade da infância, ela começa a enxergar sua cidade de uma maneira diferente; as pessoas não são quem parecem ser, e aqueles que antes eram tão simpáticos lhe parecem um pouco diferentes, falsos... Aquela vida, então, deixa de ser suficiente para Giza. Ela quer algo mais; precisa de novas emoções. Por conta de um comentário casual de uma de suas tias, ela acaba tomando o rumo de Vila Morena, um pequeno agrupamento de casas próximo a sua cidade - que, na verdade, faz parte do município, mas é um local de exílio e esquecimento que nunca visita as bocas dos moradores. Lá, após um primeiro grande choque de realidade, Gisa desperta para novos sentimentos, novas experiências e amizades.
  Entretanto, esses novos conhecimentos não são de todo agradáveis: convivendo em dois universos extramente contrastantes, Gisa percebe que as histórias mascaradas como fatos, que cresceu ouvindo, talvez não sejam verdadeiros. Tendo que aprender seu caminho entre dois extremos, a jovem suspeita que sua cidade esconda um terrível segredo, que está ligado a sua própria vida.