quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Abadia de Northanger

                                          

A Abadia de Northange
r é um romance delicioso de Jane Austen. Apesar de não ser tão conhecido como Orgulho e Preconceito ou Razão e Sensibilidade - e apesar de eu nunca ter lido esses últimos - aposto com facilidade que esta divertida obra é uma das melhores já elaboradas pela escritora britânica. Bem longe de ser um romance água com açúcar, com mocinhos que fazem as leitoras suspirarem e derramarem lágrimas - reações talvez um tanto exageradas - ao longo das páginas, esta obra nos apresenta a história de Catherine Morland, uma jovem de família modesta, que vive no campo, e que nunca demonstrou nenhuma qualidade em especial. Meio levada, mas sempre obediente, cheia de virtudes e defeitos, e até um pouco feia - essa é a heroína de nossa história até seus 15 anos.
  Com o auge da adolescência, a beleza de Catherine começa a aflorar - não de forma estonteante, mas de maneira que passa a ser descrita como "quase bonita" pelos pais - e ela se dedica mais aos estudos. Em meio a sua vida pacata, afunda-se na leitura de romances, e passa a desejar que a sua vida seja digna de ser retratada nas páginas de alguma grande obra. A rotina do dia-a-dia, porém, não lhe oferece oportunidade para grandes feitos. Eis então que os Allen, um casal amigo de sua família, resolve viajar para a cidade de Bath, e se oferecem para levar a jovem com eles. Decidida que, naquela cidade, viverá enfim a grande aventura de sua vida, Catherine parte sem demora.
  A princípio, porém, a vida em Bath se revela igualmente pouco atrativa. Frustrada, a protagonista só vê esperança quando Sra. Allen encontra uma antiga conhecida da época de colégio, a Sra. Thorpe, e Catherine conhece Isabella Thorpe, sua filha. As duas então tornam-se amigas inseparáveis - até a chegada de James, irmão de Catherine, e do início de um romance entre o rapaz e Isabella.
  

  O mais interessante deste romance é que Jane Austen está sempre frustrando as expectativas dos leitores. Como faz questão de deixar claro em sua obra, essa não é a história de uma grande heroína, que vive uma grande aventura e descobre um grande amor. Essa é história da vida de Catherine, com todas as emoções que uma adolescente de sua época poderia viver. É um livro divertido e gostoso de se ler, onde se critica sutilmente a hipocrisia e o cinismo.
  Catherine, até então inocente em sua calma vida no campo, tem um choque de realidade quando passa a conviver com os mais diversos tipos de pessoas, conhecendo melhor a natureza humana e a si mesma. 
  Outro interessantíssimo jogo de ideias apresentado no livro é a dualidade entre a vida real e o imaginário. Até que ponto vale mergulhar na imaginação, nos perdemos em nossos sonhos e devaneios, e em qual momento é necessário despertar para a vida e saber distinguir o imaginário do real?
  Diferentemente de outros romances, que conquistam o público pela dramatização em excesso de um determinado aspecto da vida - romance, tristeza, vingança, etc -, A Abadia de Northanger cativa o público por ser simples e completamente verossímil, completamente passível de se passar por uma história verídica, se assim a autora desejasse fazer.


  Li o livro em um dia; os capítulos são pequenos e, apesar das quase 300 páginas - a minha edição é um pocket da Martin Claret - a leitura flui rapidamente você nem sente o tempo passar. Recomendo demais, mesmo para quem não goste de Jane Austen, pois aqueles que já leram diversas de suas obras afirmam, de forma unânime, que esta obra se destaca muito das outras da autora.


Um comentário:

  1. Faz tempo que quero ler esse livro! E já me falaram muito bem dele. Na verdade, faz um tempo que quero ler os clássicos ingleses do séc. XIX, mas acabo indo pro contemporâneo na hora da compra...

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