De uns tempos pra cá, as editoras tem se escorado na estratégia do "próximo grande sucesso". Você com certeza já viu algo assim nas capas de algum "provável best-seller": "O próximo Harry Potter!" ou então "Mais alucinante que Jogos Vorazes!".
Sobre a obra de Kazuo Ishiguro, o estilo da narrativa lembra muito mais O Hobbit do que qualquer coisa que George R. R. Martin já tenha escrito. A história, contada em tom próximo ao das fábulas, também se aproxima mais às de Tolkien, sendo bem menos sangrenta, crua e direta do que as desventuras da família Stark. (Vale frisar que minha opinião sobre todos esses autores é uma das melhores possíveis!). Comparar a saga de Ishiguro à de Martin é uma jogada publicitaria. Vendo pelo sucesso de O Gigante Enterrado, a propaganda surtiu efeito, ou pelo menos não atrapalhou, mas é sempre bom pensar duas vezes antes de se valer desse artificio.
O Gigante Enterrado é um romance que te atinge bem fundo. Embora o começo possa parecer um pouco lento e confuso para alguns, o estilo do autor é suave e aconchegante e, embalado por ele, fui lendo até estar completamente envolvido pela história, sem chance de voltar atrás.
Axl e Beatrice, os dois protagonistas da terceira idade que partem em uma jornada em rumo ao filho que há muito tempo não veem, transbordam determinação. Por maiores sejam os desafios que apareçam em seu caminho, e por mais anos que carreguem nas costas, o simpático casal segue em frente com coragem. Um dos meus primeiros pensamentos quando comecei a leitura foi sobre a faixa etária dos protagonistas de uma narrativa épica. Porém, quem disse que idade é problema?
Muito mais do que um ensaio sobre a perda das memórias, Ishiguro nos fala do medo de recordar. Quando tudo vai bem, será que trazer à tona acontecimentos apagados pelo tempo tem um preço alto demais? É necessária muita coragem para mergulhar no passado sem saber o que ele esconde.
"Podemos
fazer todas essas lembranças voltarem. Além disso, o sentimento que
tenho por você em meu coração vai continuar lá de qualquer forma, não
importa o que eu lembre ou esqueça. Você não sente assim também?"
- O Gigante Enterrado
- O Gigante Enterrado
Leitura feita, leitura aproveitada, leitura aprovada!
Vale destacar: quando cheguei ao fim do livro e entendi o significado do título, tive alguns bons arrepios. Será que você consegue descobrir o porquê do nome do romance antes de chegar aos últimos capítulos?
A edição brasileira, da Companhia das Letras, é linda demais e,
tenho que admitir, foi o que me chamou atenção primeiro. Mas se você
lê em inglês, vale dar uma conferida nas edições britânica (Faber & Faber) e
americana (Random House), que também são um mimo só! Fica por conta
do leitor decidir qual a mais irresistível.
A primeira coisa que me chamou a atenção nesse livro foi a edição também, achei muito linda. Eu quase comprei, mas queria ver algumas opiniões primeiro. Agora, lendo seu post, ele entrou mesmo para minha lista!
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