Resolvi me aventurar com uma autora que por muito tempo reneguei, sem motivo certo. Talvez com medo de encontrar algo super-valorizado; provavelmente com receio de encontrar apenas mais do mesmo. Eis que, finalmente, tomei a decisão de encarar de frente um romance de Agatha Christie, e descobrir por conta própria a veracidade do título de Rainha do Crime. Embarquei com Hércule Poirot e uma dúzia de misteriosos passageiros no famoso Orient Express, pronto para me envolver com o mistério.
De romances policiais, tudo que eu havia lido até ano passado se resumia a alguns dos romances e contos de Conan Doyle. O fato de ter começado pelas histórias do detetive mais famoso do mundo me fez encarar os outros romances do gênero com poucas expectativas. Finalmente, resolvi dar uma chance a algum outro autor, quando Rowling lançou "O Chamado do Cuco". Embora não tenha sido este seu melhor trabalho, foi o bastante para me convencer e me entreter; e o toque de humor ácido da autora faz qualquer um de seus livros valerem a pena.
Ao ler "Assasinato no Expresso do Oriente", confesso que fui surpreendido. Fui ao livro sem grandes expectativas, mas o final realmente me surpreendeu (embora tenha achado um ou outro ponto meio forçado). Entretanto, fora algumas (muito) boas frases de impacto, a história não me proporcionou muito mais do que um bom mistério e algum entretenimento. Talvez seja um mal comum ao gênero; talvez não. Confesso que tenho muita vontade de ler um romance policial, que tenha uma boa trama perpassando o mistério central. Personagens bem construídos, histórias subjacentes bem exploradas; acho que o romance que mais me proporcionou essa experiência foi "O Chamado do Cuco", embora sem dúvida nenhuma meus favoritos são os das aventuras de Sherlock Holmes.
A leitura do romance é super rápida, e se você tem a curiosidade aguçada, talvez termine o livro ainda mais rápido. A narrativa de Agatha Christie não é ruim, mas flui talvez rápido demais, com muitos diálogos e foco total na trama a ser desvendada. Como ponto a seu favor, posso citar o carisma dos personagens e o mistério bem construído.
Não quero dizer que qualquer um é capaz de criar um bom mistério, mas na minha opinião, esse deve ser o elemento básico de todo o romance policial. Portanto, aqueles que se atém unicamente a isso acabam, ao meu ver, se tornando apenas um em tantos outros. Claro que uma narrativa bem feita, mesmo que simples, como é o caso de "Assassinato no Expresso do Oriente" é de suma importância para uma leitura agradável, mas o que procuro é um diferencial, um bom drama como plano de fundo, um mergulho mais profundo na natureza dos personagens e, claro, um mistério bem elaborado.
De qualquer maneira, a leitura foi agradável e divertida. Se tivesse de dar uma nota, de zero a dez (o que não gosto de fazer), creio que ficaria na média, com decentes 7 pontos. Indico o livro para quem procura divertimento e um pouco de mistério, mas não está na minha lista de "leituras obrigatórias". A rainha do crime, afinal, talvez seja apenas uma duquesa.